Ser programador

 

 

Quando começamos a pensar em formar uma empresa já éramos programadores, então não sei se a profissão alterou nossa maneira de ver o mundo, ou se nossa maneira de ver o mundo decidiu nossa profissão. Provavelmente essa é uma maneira simplista de ver as coisas - mas pelo menos é uma boa introdução para o que quero dizer neste post.

Basicamente, programar é uma questão de maximizar ou minimizar algo. Vou dar um exemplo só, senão não paro mais. Suponha que uma empresa tenha três empregados; a recepcionista leva 5 minutos para filtrar a ligação, a secretária leva 15 para encaminhar (pode ser completando a ficha cadastral, preparando o contrato, dando um questionário para ser preenchido etc) e o profissional então leva o tempo necessário para o atendimento (vendendo um produto, prestando um serviço, fazendo um tratamento etc).

Entre um funcionário e outro há um tempo que precisa ser gasto para que a solicitação seja transmitida. Além disso, os eventos não necessariamente acontecem no mesmo dia.

É uma descrição bem generalizada; a questão aqui não é fazer um documento histórico da atividade, mas um levantamento para contrapor cenários Antes X Depois.

Quinze minutos pode não ser muito tempo; num dia, são 32 pessoas que assinaram um contrato ou preencheram uma ficha. (32 pessoas são 4 pessoas por hora, durante 8 horas.) O problema não estão nos 15 minutos. O problema é que, se o dono da empresa quiser expandir, para atender o dobro ele deverá contratar mais uma pessoa (32 + 32 = 64).

Nós, que somos programadores, vamos querer minimizar o tempo gasto. Imagine, se conseguirmos fazer com que o processo todo leve 5 minutos, o resultado final é triplicado (12 pessoas por hora durante 8 horas = 96). Se ainda assim ele quiser contratar outra secretária, o resultado não vai mais ser o dobro (64), mas o sextuplo (2 funcionárias produzindo 96 = 192).

Com certeza vai chegar o momento de saturação, em que não é possível minimizar mais nada. Mas até chegar a esse ponto muita coisa boa já aconteceu.

Como a nossa visão de mundo entra na estória? Não acreditamos que sobrecarregar funcionários aumente a produtividade. Para nós, tarefas repetitivas e precisas podem muito bem ser executadas por um computador. O funcionário não vai ficar sem o que fazer; o aumento na clientela, por si só, vai aumentar o tempo gasto no atendimento (para tirar dúvidas, por exemplo), no controle financeiro (para conferir se os pagamentos estão em dia) etc.

Na nossa visão de mundo, funcionário ágil é funcionário feliz.